Friday, October 27, 2006

InfoGaia 3 - Módulo Economico - Umapaz 2006



InfoGaia 3 clik para dowload PDF no Site Ecovila São Paulo



Ross Jackson visita sul do Brasil

Depois de ministrar curso no Gaia Education, que acontece em São Paulo, o sócio economista dinamarquês Ross Jackson viajou para o Sul, juntamente com Sergio Lub e Chuck Field. Em sua excursão Ross disseminou idéias em palestras e conheceu projetos que apontam sustentabilidade como construção de uma prática diária.

A maratona começou em Florianópolis, mas precisamente no Centro Sócio-Econômico da UFSC. A palestra organizada pelo Prof. Armando Lisboa e equipe, teve como público estudantes, ambientalistas e professores.

Em Paulo Lopes, também em SC, foram recebidos no sitio Dom Natural, onde é cultivada a agricultura familiar com enfoques de Agroecologia e Permacultura, na qual a proprietária recebeu em 2003 o prêmio “Criatividade da Mulher no Campo” – uma iniciativa da Cúpula Mundial da Mulher (ONG ligada a ONU).

Ainda em Santa Catarina, visitaram a Gaia Village, localizada em Garopaba. No local são desenvolvidos projetos em diferentes áreas que vão desde a restauração e preservação ambiental, tecnologias de construção, energias alternativas, produção rural sustentável a programas de desenvolvimento humano. Ross teve a oportunidade de conhecer os diferentes ecossistemas da área onde corredores de florestas são estruturados com plantio de espécies nativas, auxiliando também na erradicação de espécies exóticas e reestabilização dos solos.

Em Criciúma, conheceram o Oikos, um charmoso centro de vivências, em meio a mata nativa que tece uma comunidade aspirando ser uma Ecovila. Depois partiram para Porto Alegre, onde ministraram palestra organizada pela Fundação Gaia.

Aproveitando a visita, Ross deu um depoimento para a equipe de filmagem do filme “For Ever Gaia”, documentário que ilustra as idéias e mensagens do ambientalista, que será lançado no final do ano.

As visitas no Sul encerram na ARCOO – proposta de ecovila urbana que busca aplicar princípios de solidariedade econômica, física e cultural. As 28 unidades habitacionais construídas com técnicas de baixo impacto e bioconstrução, se integram na paisagem através de conceitos de permacultura. O projeto é desenvolvido de maneira cooperativada e propõe uma alternativa aos convencionais sistemas de créditos.

Acesse:
www.gaia.org.br
www.fgaia.org.br
www.oikoscom.com.br
www.arcoo.com.br

Gaia trouxe especialista em Economia Solidária



Como o tema do último módulo do Gaia Education foi a Economia e suas vertentes solidárias, não poderia faltar a presença do filósofo e antropólogo Euclides André Mance. Autor do livro ‘Revolução das Redes’ – traduzido para o francês, italiano e espanhol – Euclides colabora com a rede de socioeconomia solidária, mantenho dois portais na internet (www.redesolidaria.com.br e www.pacs.org.br/). Além disso, foi membro ativo do Programa Fome Zero, de 2003 à 2006.

Em sua exposição Euclides mostrou que a Economia Solidária no Brasil é forte. “De acordo com o último levantamento feito pela Secretaria Nacional de Economia Solidária, existem atualmente 15 mil empreendimentos, com 1,2 milhão de trabalhadores, gerando um faturamento mensal em torno de R$ 500 milhões e um faturamento anual de R$ 6 bilhões. Os dados da pesquisa podem ser obtidos no site Ministério do Trabalho (www.sies.mte.gov.br).

Segundo o especialista na Economia Solidária tudo gira em torno da auto-gestão, onde não existe patrão e empregado. A idéia é disseminar que é possível desenvolver um sistema socioeconômico solidário, ecologicamente correto, socialmente justo e economicamente viável. “Os trabalhadores é que organizam, decidem o que vai ser feito, onde será investido, como será compartilhado”.

Ele explica que é possível fazer Economia Solidária na web. Em um de seus sites estão cadastrados cerca de 900 empreendimentos, nos quais os interessados podem localizá-los por produtos produzidos, bairro ou município. A forma de pagamento pode ser através de créditos solidários. A pessoa adquire-os no próprio site, através de depósitos bancários, esses créditos vão para uma conta, onde o proprietário pode manejar esses créditos pra fazer os pagamentos de suas compras. Essa moeda social é repassada para o produtor , convertida na moeda corrente – um crédito solidário equivale a R$ 1.

“Compar produtos que tenham procedência legal é muito fácil. Já, para expor produtos a pessoa deve estar vínculada a alguma organização de economia solidária. Só assim, ela receberá a autorização para comercializar seus insumos. Elas recebem senhas e disponibilizam de um espaço para postar informações e fotografias do alimento, calçado, roupa, entre outros. Tudo gratuitamente”.

Economia Viva foi tema no Gaia Education

















Educador e Terapeuta Social, Jefferson Costa, ministrou palestra sobre Economia Viva, no último módulo do Gaia Education. De acordo com Jefferson, esta ciência propõe uma visão mais abrangente do processo econômico, tal como um organismo vivo. “Compreender as forças que atuam de forma dinâmica no processo sócio-econômico, possibilita um melhor posicionamento diante da realidade econômica que rege o mundo hoje – com suas inúmeras organizações, corporações e bancos”, explica Jefferson.

Segundo o palestrante, a idéia da Economia Viva é criar pequenas ilhas ou associações onde a tarefa econômica não é apenas para um economista e sim para todos os participantes desta pequena sociedade. Por isso, a conscientização e os conceitos básicos de como funciona essa ciência devem ser compartilhados entre todos. Jefferson conta que a dinâmica econômica é extremamente complexa e variável e não pode ser apreendida por uma só pessoa. O objetivo é que todos participem o mais consciente possível, podendo interagir com mais propriedade e responsabilidade nesse grande impulso que é a realidade econômica.

“Tem vários lugares que já trabalham com a chamada economia associativa, com selos e tudo, para identificá-los. Um bom exemplo prático é o Triodos Bank na Holanda, fundado por pessoas ligadas a esse ideal. Eles operam não apenas na Holanda, mas também em outros países da Europa com a moeda corrente da Comunidade Européia, no caso o Euro. A questão na Economia Viva não é alterar a forma em si, mas incluir novos valores na equação econômica vigente possibilitando uma renovação e revitalização do organismo econômico ”, lembra.

O educador ressalta que se olharmos a perspectiva histórica vemos como é possível situar o nascimento da economia como ciência , e compreender a verdadeira natureza deste impulso poderá objetivar mudanças consistentes a curto e médio prazo. “Claro que para isso, haverá de ter uma educação mais transdiciplinar e orgânica, que leve em consideração a economia , a sociologia e a ecologia , de forma sistêmica. As pessoas precisam compreender para poder participar ativamente no processo”, conclui.

Feira de Trocas Solidária



Feira de Trocas Solidária

No final do modulo Econômico - Gaia Educação 2006-, foi feito um laboratório: Feira de Troca Solidária, onde pudemos ver como fazer as nossas trocas utilizando uma moeda representativa o SACI.
Com isso, permitiu-nos mostrar como é possível, com muita simplicidade – melhorar as oportunidades de negócios tanto de pessoas, empreendimentos solidários, bem como de pequenos e micro negócios. Conforme experiências que vem ocorrendo, a realização de uma feira de trocas em eventos como o Gaia Educação é a melhor forma de demonstrar como a moeda social ativa as economias individuais e também locais das comunidades ou bairros, mostrando assim como a Economia Viva passa do processo teórico para o prático do nosso dia a dia.
“O egoísmo saudável dos participantes do processo econômico garante que se produza exatamente aquilo que o consumidor exige. Os preços dos produtos tendem por si próprios para um mínimo, pois o livre jogo das forças econômicas - neste caso especialmente a concorrência entre empresas - se incumbe de fazer com que os preços do mercado aproximem-se cada vez mais dos custos de produção” Shumpeter.
Isto é o que afirma a ideologia da nossa estrutura social pseudo-capitalista. Mas basta olharmos ao nosso redor para encontrarmos uma realidade completamente diferente. Do lado da produção, vemos uma crescente concentração (cartéis e fusões) que facilita a definição unilateral dos preços (determinação monopolista dos preços) e do pacote de mercadorias que é colocado à disposição do consumidor.
Pergunte-se, numa loja, onde estão aquelas meias que duravam tanto! Pergunte-se onde estão os relógios de bolso que o vovô usava, que duravam três gerações e que continuariam funcionando se o relojoeiro estivesse disposto a fazer o que diz que faz! Procure-se aquela calça que não ficava nem muito baixa na cintura nem muito apertada nas pernas! Todos conhecemos tais situações com aquela resposta estereotipada: “Ninguém compra mais esses produtos, por isso não são mais produzidos.” Mas será que podemos acreditar que o consumidor decidiu que não quer mais as meias duráveis, que não está mais preocupado com a calça confortável ou com um bom relógio ? A partir desse seu egoísmo saudável, o produtor nos entope com mercadorias que rapidamente se desgastam.
O comprador de produtos descartáveis é aquele que mais rapidamente volta à loja. Esse fenômeno é bem conhecido. As diferenças de opinião só existem quanto à sua causa.
Será que a estrutura econômica está enferma, ou será que o sistema em si é saudável, necessitando apenas de algumas correções (economia social de mercado)?
A proposta de feira de trocas tem como objetivo estimular a reflexão sobre o consumo, sobre as questões relativas ao que é necessário e ao que é conforto, à afetividade que temos com os objetos, à responsabilidade por aquilo que consumimos e como essas relações conscientes podem contribuir para o aprimoramento das relações entre as pessoas.

A feira de trocas é, sobretudo uma experiência, uma oportunidade de investigação sobre as práticas de consumo, sobre os diferentes motivos que definem nosso relacionamento com os objetos e com as pessoas.

Por : Georges Fouad Kharlakian jr.
Sócio economista / Futurista.
Educador e consultor do Programa – DLIS – Desenvolvimento Local Integral Sustentável



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